Quando o homem falhou e não conseguiu obter as bênçãos
oferecidas pela aliança das obras, foi necessário que Deus criasse um novo
caminho, caminho pelo qual o homem pudesse ser salvo.
A Confissão de Fé de
Westminster, de meados do século XVII, trata da doutrina do pacto no seu
capítulo VII:
DO PACTO DE DEUS COM O
HOMEM
I. Tão
grande é a distância entre Deus e a criatura, que, embora as criaturas
racionais lhe devam obediência como seu Criador, nunca poderiam fruir nada
dele, como bem-aventurança e recompensa, senão por alguma voluntária condescendência
da parte de Deus, a qual agradou-lhe expressar por meio de um pacto.
II. O
primeiro pacto feito com o homem era um pacto de obras; nesse pacto foi a vida
prometida a Adão e, nele, à sua posteridade, sob a condição de perfeita e
pessoal obediência.
III.
Tendo-se o homem tornado, pela sua queda, incapaz de ter vida por meio deste
pacto, o Senhor dignou-se a fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto
da graça; neste pacto da graça ele livremente oferece aos pecadores a vida e a
salvação através de Jesus Cristo, exigindo deles a fé, para que sejam salvos, e
prometendo o seu Santo Espírito a todos os que estão ordenados para a vida, a
fim de dispô-los e habilitá-los a crer.
4.1 O que
é a Aliança da graça?
Nesta aliança Deus define claramente os termos que
especifica o relacionamento entre si mesmo e aqueles a quem ele redimiria.
A As partes contratantes
As partes contratantes nesta aliança são Deus e o
povo a quem ele dará a Jesus (Jo 6.37). Como já vimos, Adão, representando toda a raça
humana, falhou em obedecer a condição do Pacto das Obras e incorreu na sua penalidade de morte. No entanto, o plano de Deus para salvar os seus escolhidos não podia ser revogado. Existe a
necessidade de um novo representante.
Assim, para Cristo, o Pacto das Obras não foi abolido, mas realizado.
Ele cumpriu totalmente as condições do pacto, fez o que Adão não foi capaz
de fazer. É por isso que Jesus disse:
"Não penseis que vim revogar
a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir". (Mt
5:17).
Isto simplifica a questão
do paralelismo que o apostolo Paulo traça entre Adão e Cristo. Romanos 5.12-21;
I Coríntios 15.21,22
Cristo é o mediador desta aliança.
“Agora, com efeito,
obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de
superior aliança instituída com base em superiores promessas”. Hebreus 8.6
“Por isso mesmo,
ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para
remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa
da eterna herança aqueles que têm sido chamados”. Hebreus 9.15
“e a Jesus, o
Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao
que fala o próprio Abel”. Hebreus 12.24
B A
Condição (ou requisitos) para a participação na aliança
A condição para participar desta aliança é a fé na obra
de Cristo, o redentor. (Rm 1.17; 5.1, Ef 2.9,10). Esta também valia no Antigo
Testamento, como Paulo mostra claramente. Rm 4.2,3, 6.
A salvação não é pelas obras, como no pacto da Criação,
mas somos salvos, através da obra de Cristo para as boas obras. (Ef 2.10; Tt
2.14). A fé genuína produzirá boas obras (Tg 2.17) e a obediência a Cristo é
vista no Novo Testamento como o sinal necessário que comprova que somos crentes
verdadeiros e membros da nova aliança (1 Jo 2.4-6).
C A
promessa de benção
A promessa de benção na aliança da graça é uma promessa
de vida eterna. Esta promessa é frequentemente repetida no Antigo e no Novo
Testamento.
“Eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo”
Vemos esta promessa em Abrão
“Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua
descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, PARA SER O TEU
DEUS E DA TUA DESCENDÊNCIA. Dar-te-ei e à tua descendência
a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e
SEREI O SEU DEUS”. (Gênesis 17.7-8).
Citada ao longo do Antigo
Testamento
Jr 31.33; 32.39-40; Ez 34.30,31; 36.28; 37.26,27
Citado por Paulo
Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?
Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e
andarei entre eles; SEREI O SEU DEUS, E ELES SERÃO O MEU POVO. (II Coríntios
6.16).
Falando sobre a nova aliança,
o autor de Hebreus cita Jeremias 31; “Eu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” Hb 8.10
Esta benção se cumpre na igreja, que é o povo de Deus,
mas encontra seu cumprimento maior no novo céu e na nova terra.
Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o
tabernáculo de Deus com os homens. DEUS HABITARÁ COM ELES. ELES SERÃO POVOS DE
DEUS, e Deus mesmo estará com eles. (Apocalipse 21.2)
D O
sinal (sacramento) dessa aliança
Este sinal varia entre o Antigo e Novo Testamento. No
Antigo Testamento o sinal exterior do inicio do relacionamento dentro da
aliança era a circuncisão (Gn 17.9-14, Rm 4.11,12). O Sinal da permanência no
relacionamento era continuar a observar todas as festas e leis cerimoniais que
Deus deu ao povo em várias ocasiões. Na nova aliança, o sinal do inicio do
relacionamento dentro da aliança é o batismo (Cl 2.11,12), e o sinal da
permanência é a ceia do Senhor (II Co 11.23-34).
Com respeito a circuncisão e Batismo, R.C.Sproul diz:
“Embora
o batismo e a circuncisão não seja idênticos, têm pontos cruciais em
comum. Ambos são sinais de aliança e ambos são sinais de fé”[1]
Calvino
diz:
“O
pacto é comum; comum é a razão de confirmá-lo. Só o modo de confirmar é
diverso, porque àqueles era a circuncisão, a qual foi substituída pelo batismo”.[2]
E Unidade
estrutural das alianças
Apesar de os elementos essenciais da aliança da graça
permanecerem os mesmos por toda a história do povo de Deus, os termos
específicos da aliança variam conforme a ocasião. Na época de Adão e Eva havia
apenas uma singela sugestão da possibilidade de um relacionamento com Deus na
promessa da semente da mulher em Gênesis 3.15 e na provisão graciosa, da parte
de Deus, de vestir Adão e Eva (Gn 3.21).
Na aliança com Noé, Deus prometeu não mais destruir a terra
com água (Gn 9:8-17).
Na aliança com Abraão estão presentes todos os elementos da
aliança da graça (Gn 15:1-21, 17:1-27; Gl 3:8; Lc 1:72-73; Rm 4:1-25; Gl
3:6-18,29; Hb 2:16, 6:13-20).
Na aliança com Moisés (chamada de “velha aliança”, II Co
3:14; Hb 8:6,13) estão os elementos que serão substituídos (leis cerimoniais)
pelos elementos da “nova aliança” em Cristo (Lc 22:20; I Co 11:25; II Co 3:6;
Hb 8:8,13, 9:15, 12:24).
A razão da velha aliança foi restringir os pecados do povo e
conduzi-lo a Cristo (Gl 3:19,24). Essa aliança não removia o pecado, mas
prefigurava quem realmente removeria, Cristo (Hb 9:11-28). Na verdade, não
falta graça nessa aliança (Gl 3:16-18).
Na nova aliança em Cristo cumprem-se as promessas feitas em
Jr 31:31-34, citadas em Hebreus 8:6-13. Nesta aliança há bênçãos muito maiores
porque Jesus, o Messias, já veio; ele viveu, morreu e ressuscitou entre nós,
expiando para sempre os nossos pecados (Hb 9:24-28); ele nos revelou Deus da
forma mais plena (Jo 1:14; Hb 1:1-3); ele derramou o Espírito Santo sobre todo
o seu povo com o poder da nova aliança (At 1:8; I Co 12:13; II Co 3:14-18); ele
escreveu suas leis em nosso coração (Hb 8:10).
Esta nova
aliança é a “aliança eterna” (Hb 13:20) em Cristo, através da qual teremos
sempre comunhão com Deus, e ele será nosso Deus, e nós seremos seu povo.
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