quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O DOM DE LÍNGUAS - Parte 8 - I Coríntios 14.20-25

 Davi Helon de Andrade



3          AS LÍNGUAS SÃO SINAL PARA OS INCRÉDULOS E NÃO PARA OS CRISTÃOS (20-25)

            “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os incrédulos, e sim para os que crêem.”.


A         Paulo exorta os de Corinto a se tornarem maduros. (14.20).

            Talvez este seja o ponto central do capítulo, Paulo deixa claro que o propósito das línguas é ser um sinal para incrédulo.
            Ele começa exortando os crentes de Corinto a não serem meninos, pois, assim como criancinhas gostam de exibir seus brinquedinhos, assim os crentes de Corinto gostavam de exibir os dons espirituais, por motivos de ostentação.
            Paulo os exorta a se tornarem maduros, a terem uma capacidade intelectual amadurecida, pois uma criança não tem seu intelecto amadurecido.



B         Propósito principal do dom, é um sinal para incredulidade de Israel (14.21-22)

            Então Paulo explica de maneira amadurecida o propósito do dom.
            A manifestação deste dom é dada para que seja um sinal para incrédulos, e especificamente um sinal para os judeus.
Paulo se refere a este versículo, sinalizando juízo para Israel, ele fez uma citação de Isaías 28.10,11, conforme a aliança deuteronomica (Dt 28.49, 64), que se caso Israel não fosse fiel à aliança, Deus usaria uma nação estrangeira cuja a línguas eles não entenderiam para trazer o juízo sobre o povo e os espalharia.

            “O SENHOR levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra virá, como o vôo impetuoso da águia, nação cuja língua não entenderás”. (Dt 28.49).
           
Paulo faz referência a este versículo para dizer que as línguas são um sinal para incrédulo, sinal de juízo de Deus. Além do mais, como já vimos, em Atos quando o Espírito Santo veio, judeus acompanharam distribuídas línguas inclusive sobre gentil e samaritanos, e o Senhor Jesus havia dito que o juízo viria sobre eles:

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta”. (Mt 23.37-39).
            Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”. (Mt 24.2).
            “Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação”. (Lc 21.20)
            “Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles”. (Lc 21.24)

No ano 70 os romanos comandados pelo general Tito, destruíram completamente Jerusalém e os edifícios do Templo.
            O sinal para os judeus veio em Atos 2 nas línguas, no inicio da Igreja até o ano 70 d.C quando o Templo foi destruído, o juízo foi derramado sobre Israel conforme a aliança deuteronômica.

            “O SENHOR vos espalhará entre todos os povos, de uma até à outra extremidade da terra…”(Dt 28.64a).

            Primeiro de tudo sobre as línguas é que ela foi um sinal para a incrédula Israel.
Paulo diz que línguas eram para edificação do corpo quando houvesse interprete e agora ele diz que línguas são um sinal para incrédulos.
            De fato, línguas foi um sinal para a incredulidade de Israel.
                O propósito principal das línguas já foi cumprido no ano 70 quando veio juízo sobre Israel, hoje em nossas Igrejas formadas, temos a Palavra que é a revelação de Deus e quando ela é exposta de maneira correta e um incrédulo entra na Igreja, é ela com o toque do Espírito Santo que vai desvendar os segredos do coração dele e junto ao trabalho do Espírito Santo converter o incrédulo.


C         Durante a história não houve o fenômeno

            “Após o ano 70 d.C os pais da Igreja não mencionaram nada sobre: Vejamos aonde ocorreram o movimentos na história: (Tirado de os Carismáticos, John Mac’Arthur Jr. Págs. 163-164)

*     Século II com Montanus que foi considerado herege, mencionou línguas e seu discípulo Tertuliano.
*     Século XVII na França com um grupo de sacerdotes chamados Cevenos e também foram tachados de hereges, porque suas profecias não se cumpriram e sua militância era desaprovada.
*     Século XVIII com os Jansenistas (sacerdotes católicos reformadores) que foram acusados de terem reuniões noturnas no tumulo de seu líder, onde supostamente ocorreram línguas extáticas,
*     Os Shakers, que eram hereges seguidores de Mãe Ana Lee, que viveu em 1736 a 1784, ela instituiu a pratica de homens e mulheres dançarem juntos, nus, enquanto falavam em línguas e dizia que relação sexual era corrupta, mesmo no casamento.
*     Em 1830 em Londres com os hereges Irvingitas, que tinha revelações que contradiziam a Bíblia, suas profecias não foram cumpridas e suas supostas curas foram seguidas de morte.
*     Somente em 1901 com Agnes Ozman na Escola Bíblica Betel de Topeka, kansas e mais forte em 1906 na Rua Azuza, é que o movimento se espalhou por todo o mundo”.

“De Montanus até os Irvingitas, casos de línguas dentro da Igreja nunca foram considerados parte do cristianismo genuíno[1]”.
Quando penso no propósito das línguas que cumpriram no ano 70, penso em alguém que esta dirigindo e falta 100 km para chegar ao destino, e neste processo, ele passa por placas sinalizando que ele esta próximo, placas de 80 km para chegar, 50 km, 30, km, 10 km e então, quando ele chegar ele não precisa mais dirigir. Da mesma forma as línguas elas foram úteis até o ano 70.
Afirmar com todas as letras que a línguas cessaram de vez é perigoso, pois em nenhum lugar é afirmado claramente nas Escrituras. Para pensarmos de uma maneira equilibrada, línguas continua sendo um sinal para incrédulos, mas sinal de juízo. Pois Paulo deixa claro no texto que o que vai revelar os segredos do coração do ímpio é a profecia, e fazer com que ele se prostre e adore o Senhor (25).


C         Profecia sim é para incrédulo em geral (14.23-25)

Se alguns indoutos ou incrédulos entrarem na Igreja e virem o povo falando em língua, eles vão os chamarem os crentes de loucos, mas a profecia não faz isto, a pregação da palavra vai manifestar os segredos do coração e ele será convencido de que é pecador e se converterá.
A palavra “convencido” usada no versículo 24 é evle,gxei Elegzei, que significa “provar que alguém esta errado[2], é a mesma palavra usada para o convencimento do Espírito Santo na vida do incrédulo sobre o pecado, justiça e juízo (Jo16.8). Já que ninguém pode nascer de novo ou receber a Jesus se o Espírito Santo não convencer.


D         Ressalvas

O maior exemplo é o apostolo Paulo, quando pensamos nos modos bíblicos de como o dom deveria ser usado, o próprio apostolo diz que falava em outras línguas mais do que os de Corinto, e como apostolo e missionário que era provavelmente ele precisou usar para trazer juízo para incrédulos em algum lugar, porém em uma Igreja já formada como a de Corinto, Paulo diz que prefere falar palavras inteligíveis.
            Línguas podem até se manifestar hoje, em casos missionários em que Deus pretenda trazer juízo para determinado povo ou lugar, porém esta manifestação será temporária e não permanente, algo que poderíamos denominar “milagre de idiomas”, pois a Palavra até para o trabalho missionário é suficiente para desvendar os segredos do coração dos incrédulos (14.23-25), já que este é o papel principal da evangelização, ir e pregar a Palavra, pois é por ela que a fé é produzida (Rm 10.17).


Até o próximo post

[1] MAC’ARTHUR, John. Os carismáticos. Editora Fiel. São José dos Campos: Editora Fiel, 2002. p. 164.
[2] MORRIS, Leon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo. Vida Nova. 2003, p.314

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