Davi Helon de Andrade
O DOM DE PROFECIA É SUPERIOR AO DE LÍNGUAS (I Co 14.1-5)
Paulo trata nestes cinco primeiro versículos sobre a superioridade da profecia sobre o dom de línguas, porém continuando o assunto do capitulo anterior, sobre o amor, os dons têm que ser procurados seguidos pelo amor, senão eles não tem valor algum (13.1-3). Pois os dons passarão, mas o amor jamais acaba (13.8).
A A importância do amor
O verbo seguir (14.1) “diw,kete” diokete que é um imperativo, presente ativo[1], é uma ordem que expressa “uma ação que não termina nunca[2]”.
O amor deve ser ação continua em nossa vida, é uma ordem, e os dons vêm em seguida dele, pois sem o amor, os dons não têm valor algum.
Temos que sempre lembrar que o propósito dos dons, sempre é a edificação do corpo, já que o verdadeiro amor não busca os seus interesses (13.5), mas os tais que se diziam espirituais em Corinto estavam buscando a edificação deles próprio e não a da Igreja toda quando oravam em línguas sozinhos.
B A superioridade da profecia
Como eles estavam edificando a si próprios e não a Igreja, e não sendo com amor visando o todo, Paulo argumenta dizendo:
“Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando. O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja”. 2-4
Algo temos que explicar aqui
Como já vimos o texto no original não fala línguas “estranhas” como à tradução para o português que a Bíblia “Almeida Revista e Corrigida” coloca, nem mesmo a palavra “outra” encontra-se no original.
Vejamos o versículo no original:
“ga.r lalw/n glw,ssh| ouvk avnqrw,poij lalei/ avlla. qew/|\ ouvdei.j ga.r avkou,ei( pneu,mati de. lalei/ musth,ria”\ (grifo meu)
A palavra estranho em grego é “avllotri,wn”, observem que não existe.
A palavra outra em grego é “a;lloj”, observem que ela não existe no original.
O correto seria:
“O que fala em/numa língua não fala a homens...”
Paulo então diz que:
Aquele que fala numa língua, fala com Deus, não é entendido pela Igreja, pois fala em mistério e a si mesmo se edifica.
Paulo esta dizendo aqui que a aplicação do dom esta sendo de maneira errada, pois, esta edificando a si próprio e não a Igreja, sendo que o propósito dos dons é a edificação do corpo, é por isto que o apostolo pede para que sigamos o amor no versículo um, pois o amor lança fora os nossos interesses.
Paulo diz que aquele que ora em língua a si mesmo se edifica e não o corpo como dever ser.
Porém, aquele que profetiza fala a Igreja, edifica a Igreja, visando o propósito dos dons, que é a edificação da Igreja.
Paulo aqui esta batendo no principio básico da edificação da Igreja, por isso a profecia deve ser mais desejável que as línguas, pois a profecia é falada na língua materna dos ouvintes. É falada de um jeito que todos na congregação entendam, a profecia edifica exorta e consola.
Paulo deixa claro que o entendimento é necessário para a edificação da Igreja (14.5), pois se houver línguas, tem que haver interprete para que a igreja seja edificada.
C E quanto ao orar em línguas em particular? (14.4)
Será que na mente de Paulo, ele esta ensinando a todos que têm o dom a orarem em particular?
A resposta é não. Paulo não esta ensinando neste contexto a oração em língua em particular para a edificação no seu tempo devocional, mas que quando alguém esta na Igreja orando em línguas sem interprete, somente Deus entende e o povo não, sendo que o foco é a edificação do corpo, se também lermos todo o contexto desde o capítulo 11 até o 14 vemos que Paulo esta falando da igreja reunida.
D Que tipo de profecias são estas?
Temos que entender que aqui o apostolo não esta defendendo profecias no sentido de um crente receber uma mensagem direta de Deus e transmitir a outros. Hoje não há mais profetas no sentido daqueles profetas primeiros, que se tornaram o fundamento da igreja (Ef 2:20), ou seja, instrumentos da revelação divina. O cânon da Escritura já está fechado.
O dom de profecia é expor a verdade revelada de Deus conforme está registrada nas Sagradas Escrituras. Pois o próprio apostolo escrevendo para Timóteo mais tarde fala da suficiência das Escrituras:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”.
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