quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O DOM DE LÍNGUAS - Parte 1

1          INTRODUÇÃO      


                 Tradicionalmente reconhece-se o início do movimento pentecostal no ano de 1901 quando Agnes Ozman uma aluna do Bethel Bible College (Escola Bíblica Betel) recebeu o que ela chamou de batismo do Espírito Santo e falou em línguas, porém seu ápice foi em 1906 em Los Angeles, nos Estados Unidos, na Rua Azuza, onde houve um grande avivamento caracterizado principalmente pelo "batismo com o Espírito Santo", evidenciado pelos dons do Espírito como, glossolalia (línguas), curas milagrosas, profecias, interpretação de línguas e discernimento de espíritos.
            No começo, as reuniões na Rua Azuza aconteciam informalmente, eram apenas alguns fiéis que se reuniam em um velho galpão para orar e compartilhar suas experiências, liderados por William Seymour (1870-1922).
Rapidamente, grupos semelhantes foram formados em muitos lugares dos EUA, mas com o rápido crescimento do movimento, o nível de organização também cresceu até o grupo se denominar Missão da Fé Apostólica da Rua Azuza.
           De lá para cá, muito rápido e de forma surpreendente tem sido o crescimento do movimento em todo o mundo.
No Brasil, o Pentecostalismo chegou em 1910 com Louis Francescon, um Italiano que havia emigrado para os Estados Unidos, e fundou aqui no Brasil a Igreja “Congregação Cristã no Brasil”, e em 1911 com os suecos que haviam imigrado para os Estados Unidos Daniel Berg e Gunnar Vingren, que iniciaram sua missão no Belém do Pará, dando origem à Igreja “Assembléia de Deus” a maior denominação pentecostal no Brasil.
De lá para cá várias Igreja pentecostais se instalaram no Brasil, entre ela: “Igreja do Evangelho Quadrangular” (1951), Igreja “O Brasil para Cristo” (1955), Igreja “Deus é amor” (1962), Além das Igrejas chamadas neopentecostais que têm crescido muito, tais como: “Igreja Universal do Reino de Deus” (1977), “Igreja Internacional da Graça de Deus” (1980), “Igreja Apostólica Renascer em Cristo” (1985), e tantas outras que vêm surgindo.
O crescimento do movimento no Brasil é muito notável, pois em 1930 os pentecostais eram apenas 9.5% dos protestantes brasileiros, em 1964 já eram 62,2%, em 1974 eram 76,2% e cerca de 87% em 1995[1]. Os pentecostais e hoje também os neopentecostais são a maioria, no cenário evangélico.
A principal ênfase do movimento pentecostal é o batismo com o Espírito Santo e o falar em línguas estranhas, é muito comum você entrar em uma Igreja pentecostal ou neopentecostal e ver pessoas orando em línguas.
Infelizmente este assunto tem divido o cenário evangélico, Igrejas chegam a ter separação por causa deste fenômeno.
Porém, o assunto é muito mais sério do que podemos pensar, se analisarmos, os pais da Igreja, os grandes teólogos da Igreja primitiva, os reformadores, como João Calvino, Martinho Lutero, os puritanos, Jonathan Edwards e durante quase dois mil anos de história da Igreja, não houve manifestação a não ser poucas vezes em grupos isolados que não sobreviveram:  John Mac’Arthur em seu livro os Carismáticos cita estes movimentos[2]:
*     Século II com Montanus que foi considerado herege, mencionou línguas e seu discípulo Tertuliano.
*     Século XVII na França com um grupo de sacerdotes chamados Cevenos e também foram tachados de hereges, porque suas profecias não se cumpriram e sua militância era desaprovada.
*     Século XVIII com os Jansenistas (sacerdotes católicos reformadores) que foram acusados de terem reuniões noturnas no tumulo de seu líder, onde supostamente ocorreram línguas extáticas,
*     Os Shakers, que eram hereges seguidores de Mãe Ana Lee, que viveu em 1736 a 1784, ela instituiu a pratica de homens e mulheres dançarem juntos, nus, enquanto falavam em línguas e dizia que relação sexual era corrupta, mesmo no casamento.
*     Em 1830 em Londres com os hereges Irvingitas, que tinha revelações que contradiziam a Bíblia, suas profecias não foram cumpridas e suas supostas curas foram seguidas de morte.
*     Somente em 1901 com Agnes Ozman na Escola Bíblica Betel de Topeka, kansas e mais forte em 1906 na Rua Azuza, é que o movimento se espalhou por todo o mundo”.``

“De Montanus até os Irvingitas, casos de línguas dentro da Igreja nunca foram considerados parte do cristianismo genuíno[3]”.
O que dizer então? Será que durante quase dois mil anos de Igreja ela errou, os grandes homens de Deus na história erraram em não buscar o batismo com o Espírito Santo e o falar em línguas?
Se línguas realmente existem, então, qual é o padrão bíblico sobre o dom de línguas? Quais línguas realmente a Bíblia apresenta? Estas línguas eram angelicais ou humanas? Há necessidade de eu receber um batismo com o Espírito Santo e falar em línguas para evidenciar tal batismo? Todos os cristãos têm o dom de línguas?
São perguntas como esta que desejo tentar responder neste ensaio, porém quero deixar claro que não estou escrevendo para ofender denominação ou quem pensa de maneira diferente, mas meu desejo é fazer uma abordagem consistentemente bíblica sobre o assunto. E também quero deixar claro que nem por haver discordância com os pentecostais neste assunto não deixo de considerá-los como meus irmãos em Cristo, apesar da diferença de opinião.
Por isso gostaria de começar este ensaio explicando sobre o pentecoste (descida do Espírito Santo), depois em qual momento acontece o batismo com/no Espírito Santo, a distribuição dos dons e o propósito dos mesmos e por ultimo o dom de línguas e sua utilidade.

Davi Helon
Soli Deo glória


Até o próximo post


[1] SAYÃO, Luiz Alberto. Uma Avaliação Sociológica Do Pentecostalismo e do Neopentecostalismo Contemporâneo. São Paulo: Vox Scripturae. P. 83.
[2] MAC’ARTHUR, John. Os carismáticos. Editora Fiel. São José dos Campos: Editora Fiel, 2002. p. 163,164.
[3] Ibid. p. 164.

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