sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O DOM DE LÍNGUAS - Parte 5 - I Coríntios 14, Introdução


Davi Helon de Andrade


O objetivo aqui é poder mostrar o contexto da carta, como estavam sendo faladas a línguas na Igreja de Corinto e a correção de Paulo.

CONTEXTO DA CARTA

Paulo esclarece em 16.8, que escreveu esta carta quando estava em Éfeso durante sua terceira viagem missionária (53-57 d.C). Tendo em vista que o apostolo ficou em Éfeso por mais de dois anos (At 19.8,10), I Coríntios foi escrito em torno de 55 d.C[1].
Paulo visava responder a alguns problemas específicos da Igreja, (1.11; 5.1; 11.18).
As respostas de Paulo aparecem ao longo da carta pelo: Peri. de.  “a cerca de” ou “a respeito de”, pelo menos seis vezes. (7.1 casamento; 7.25 celibato; 8.1 carne oferecida a ídolos; 12.1 dons ou espirituais; 16.1 coletas aos pobres; 16.12 sobre Apolo).
Provavelmente além dos avisos que ele recebeu dos da casa de Cloé sobre as divisões na Igreja (1.11), um grupo de dissidentes também escreveu uma carta (7.1) informando os problemas para Paulo, pois eles estavam inconformados com a arrogância dos que se diziam espirituais (12.1).
Para alguns da Igreja de Corinto a espiritualidade estava mais ligada a alguns tipos de dons do que com a santidade.
Quem eram estes?
Alguns que se achavam os “espirituais”. Vemos alguns indícios na carta sobre ele:

Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo”. I Co 3.1

Paulo pede que estes prováveis dissidentes não sejam ignorantes quanto “aos espirituais”.

            A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. (12.1)

Ao observarmos este versículo no original grego, não existe a Palavra “dom”:
Versículo em grego:

Peri. de. tw/n pneumatikw/n( avdelfoi,( ouv qe,lw u`ma/j avgnoei/na

A palavra usada para dom éca,risma Charisma observem que não existe esta palavra no original.
Desta forma o versículo seria assim:

            A respeito dos espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”.

Se seguirmos a lógica do texto, veremos que ele esta falando não dos dons, mas a respeito daqueles que dizem que são espirituais por causa do dom, e em seus êxtases e transes, até maldições lançaram contra Jesus.

Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo”. 12.3.

Paulo em 14.37 também faz menção destes que se dizem espirituais:

Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo”.

Ele pede para que os que se dizem espirituais juntamente com os que se dizem profeta, se submetam a palavra dele, que é palavra apostólica, mandamento de Cristo, escrito e inspirado.
Estes espirituais em Corinto, provavelmente são aqueles que supervalorizavam o falar em línguas.
E este falar em línguas supervalorizado, pode ter sido influencia do paganismo greco-romano na Igreja de Corinto:
            John Mac’Arthur Jr diz:

“o mundo greco-romano tinha vários deuses, e em suas adorações a estes deuses, era muito comum uma pessoa entrar em êxtase, que literalmente significa “sair de você mesmo”. Eles entravam em um estado de inconsciência onde todos os tipos de fenômenos psicológico acontecia. Eles acreditavam que quando eles estavam em um transe estático, eles deixavam seus corpos, ascendiam no espaço, conectavam com a deidade que eram adorados e podiam se comunicar com estes deuses. Uma vez que eles se comunicavam com os deuses, eles podiam começar a falar a língua dos deuses.[2]

Este tipo de “espiritualidade” estava infiltrando na Igreja de Corinto, e os que falavam em língua achavam que tinha uma comunicação maior com Deus e uma espiritualidade maior, porém, provavelmente alguns destes que estavam entrando em “transe,” chegavam até a dizer blasfemais com respeito a Jesus:

Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo”. (12.2)

Paulo estava preocupado com as inquietantes irregularidades na conduta dos crentes de Corinto e com a tendência da parte de alguns membros de tornar a ruptura com a sociedade pagã tão indefinida quanto possível... A igreja estava no mundo, como tinha de estar, mas o mundo estava na Igreja, como não devia estar. Exemplo do mundo estar dentro da Igreja é que alguns irmãos estavam tanto valorizando alguns dons que a santidade tinha sido deixado de lado, aponto que a igreja estava com problemas de divisão, moral e doutrinário.       
            Paulo precisava colocar ordem na Igreja e por isto escreveu esta carta.
            Leon Morris explica de maneira clara o propósito de Paulo ao Escrever esta carta:

            “O propósito de Paulo, então em escrever esta epistola, é primeiramente endireitar desordens que os Coríntios encaravam superficialmente, mas que ele considerava graves pecados. Em segundo lugar escreveu para responder questões que lhe levantaram. Em terceiro lugar escreveu para ministrar algum ensino doutrinário, particularmente sobre a ressurreição[3]”.
           
Com respeito às línguas, qual foi à resposta de Paulo?

            Até o próximo post


[1] Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. p. 1345.
 [2] Ver. MAC’ARTHUR, John. Speaking in tongues. The truth about the tongues. Part 1. www.biblebb.com/files/MAC/sg1871.htm
[3] MORRIS, Leon. I Coríntios. Introdução e comentário. São Paulo. Mundo Cristão, 1983. p. 21.

Nenhum comentário:

Postar um comentário